É preciso maturidade emocional para contar a própria história. Visitar o passado não é tão fácil quanto parece. Hans aceitou o desafio, mais um, e de lá voltou carregado de emoções. Não fez delas alarde, as exemplo. A narrativa é fascinante. O que seria complicado descrever, se torna simples nas palavras do autor. De outra maneira, como explicar o que se passa na cabeça de uma criança obrigada a abandonar seu país, a escola, os amigos, para, sem sua mãe e com a roupa do corpo, apontar em uma terra desconhecida? Ou o que faz de um estudante nos Estados Unidos ao ter sua bolsa de estudo cancelada sem justificativa aparente? Não bastasse sua admirável trajetória, Hans nos conta o essencial, o que é preciso saber para que se escreva e publique um livro. E o faz com maestria, bem sucedido que é. Mostra sem floreios ou mistérios cada etapa do processo, da criação à exposição nas livrarias. Para deleite do leitor de Hans Freudenthal, isso tudo é só o começo. Os contos e crônicas na segunda parte do livro são a prova do humor delicado, da fina ironia e da capacidade de transpor para o papel, como a verve que lhe é peculiar, as aventuras do cotidiano. Há muita verdade nas entrelinhas também, em especial a do Haikai (s), já apelidados de Hanskais por seus colegas de oficina literária. Todas estas razoes fazem deste livro uma publicação única, recheada de otimismo e coragem, qualidades inerentes aos realizadores. Não se surpreenda se a leitura for interrompida para dar lugar às reflexões ou se porventura o sorriso descompromissado que acompanha cada página for vencido por uma lágrima. Pode-se chorar. Pode-se chorar de rir. Reside aí a magia das letras. E a poesia da vida. Uma coisa é certa: Hans conduz o leitor a muito mais do que uma simples viagem!